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Valkyria Chronicles 4 (PS4)

Análise da versão ocidental do jogo Valkyria Chronicles 4 (2018) para o console Playstation 4.

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Quando tomei conhecimento dos jogos de estratégia com elementos de RPG, em meados da década de 1990, como Ogre Battle (Super Nintendo) e Final Fantasy Tactics (Playstation), tal gênero se tornou um dos meus prediletos e desde então os tenho jogado intensamente. No ano de 2008, a nossa querida SEGA nos brindou com o primeiro jogo da franquia Valkyria Chronicles exclusivamente para o PS3, onde os principais elementos que chamaram atenção na época (e chamam até hoje), foi a assim chamada Canvas Engine, que criava gráficos que mais pareciam terem saídos de livros de arte em aquarela e a sua mecânica de batalha chamada BLiTZ (Battle of Live Tactical Zones), que proporcionava um sistema de estratégia em turnos onde era possível movimentar a sua unidade tática livremente pelo cenário em 3D.

O peculiar e interessante Esquadrão E.

Enredo Belicoso:

E finalmente 10 anos após o lançamento do primeiro Valkyria Chronicles, chegamos a sua quarta sequência com um enredo que se passa no mesmo período do primeiro jogo, porém focado em outra equipe de personagens. O ano é 1935 EC, em um mundo fictício muito parecido com o nosso durante a Segunda Guerra Mundial, no continente Europa, onde está ocorrendo a Segunda Europan War (EWII) entre a Federação Atlântica (baseada nos Aliados) e a Aliança dos Impérios do Leste (uma mistura de União Soviética com a Alemanha Nazista).

Tal guerra foi motivada principalmente pelo controle das reservas de um mineral chamado Ragnite, que vem sendo utilizado como combustível nas indústrias e somente encontrado ainda em abundancia na parte ocidental do continente. Em meio a este conto bélico, nosso protagonista, o comandante Claude Wallace, natural do país neutro conhecido como Gallia (levemente baseado na Suiça) que, junto a seus amigos de infância do Esquadrão E, são incumbidos de tentarem por um fim a guerra através da conquista da capital do Império do Leste participando da Operação Nothern Cross.

A segunda grande guerra entre as duas principais potências.

Sistema de Jogo:

A principal mecânica de jogo é baseada em batalhas em turnos utilizando o sistema BLiTZ, que nos dá certas liberdade de ações, que em outros jogos tácticos não seriam possíveis. Mas é importante frisar que, mesmo com uma certa autonomia e liberdade, ainda assim, em toda e em qualquer ação tomada, estamos sujeitos a percentuais de acertos ou erros típicos de qualquer jogo de RPG, ou seja, não espere de acertar um tiro que, em qualquer outro jogo de ação em terceira pessoa seria certeiro, mas que aqui, depende de outras inúmeras variáveis.

Outra variável que pode influenciar nos acertos e erros, são os Potentials (potenciais), que podem ser Personal Potentials ou Battle Potentials, que no primeiro caso é referente à características individuais de determinados personagens que podem ser positivas ou negativas, como timidez, não gostar ou gostar de outro personagem e etc. No segundo caso, se refere a determinados requisitos sempre positivos que aumentam a percentual de acertos na batalha, como gostar de lugares frios, selvagens e etc…

Interação dos personagens através quadrinhos.

O jogo se divide em praticamente dois tipos de telas: na primeira tela temos o modo livro (Book mode), que é onde a estória do jogo é contada como se fosse um diário de guerra escrito a mão pelo protagonista e também onde selecionamos a missão de batalha desejada e na segunda modalidade, temos as telas de batalha que sempre são introduzidas através da tela de Command Mode, que nos mostra o mapa geral para que possamos colocar as nossas unidades de modo estratégico.

Tela de Command Mode para organização das unidades antes da batalha.

Como em todo bom jogo de RPG, temos o sistema de níveis baseado em ganhos de experiência em batalhas, porém ao invés de evoluirmos cada personagem (unidade) separadamente, aqui evoluímos somente as classes de cada um. Em se tratando de classes, além das já conhecidas nos jogos precedentes como a Scout, Lancer, Sniper e etc… também foi adicionada a nova classe chamada Granadier, que é aquela que carrega uma espécie de lançador de granadas e mísseis portátil muito eficaz para ataques a longa distância.

Para cada ação tomada, utilizamos os Command Points (CP) e durante as ações, na movimentação das unidades, utilizamos os Action Points (AC) que funcionam como uma barra de estamina. Vale ressaltar também as ações do tipo Order, que funcionam analogamente como “magias”, que nos permitem curar, salvar feridos, aumentar defesa e/ou ataque de determinada unidade e tantas outras façanhas.

Mirar, apontar e atirar!!

Uma característica que me fez lembrar bastante Final Fantasy Tactics, foi o fato de que as unidades podem morrer e não serem mais “ressuscitadas” sem que a mesma seja resgatada durante três turnos passados. Outra novidade interessante deste jogo se chama Last Stand, que é praticamente uma ação extra antes de determinado personagem cair em batalha, que pode ser de aumentar os status de outra unidade próxima ou revidar o ataque recebido.

O nosso protagonista dando as ordens iniciais em cima de seu tanque de guerra chamado Hafen.

Em relação aos equipamentos, armas e tanques de guerra, podemos evoluí-los através do uso dos pontos de experiencias diferenciados chamados de DCT na área de R&D Facility localizada na tela do quartel general. Para prática de pegar nível fora das missões principais temos as Skirmishes Battles, que são telas de batalhas já vencidas onde podemos jogá-las novamente para ganharmos pontos de experiência extras e também as Squad Stories que são capítulos a parte que, além de batalhas adicionais, nos contam detalhadamente as estórias de personagens secundários do Esquadrão E.

Tela no modo livro com os menus principais do jogo.

Gráficos e Trilha Sonora:

Como já citei anteriormente, a Canvas Engine que é de propriedade da própria SEGA, funcionou muito bem nesse jogo, mas sem muita melhoria gráfica se comparada ao primeiro jogo de 2008, que por sinal já era muito bonito. Realmente o seu gráfico nos dá a bela impressão de estar vendo um anime feito a mão com a técnica de aquarela.

Grande esmero na belíssima paisagem que mais parece ter sido pintada a mão.
Em meio ao inferno da guerra…
Poderosos tanques de guerra!

E o que dizer de sua trilha sonora? Que foi nada a mais e nada a menos que inteiramente composta pelo mestre Hitoshi Sakimoto, responsável também por diversos e variados jogos que vão desde Verytex (Mega Drive), Final Fantasy Tactics (Playstation), Ikaruga (Dreamcast) até Muramasa Rebirth (PS Vita) e Dragon’s Crown Pro (PS4). Resumindo, temos uma trilha sonora extremamente épica e que combina com cada momento do jogo.

Veredicto:

Valkyria Chronicles 4 é um jogo que demora um pouco para se engrenar, devido a excessivos diálogos, porém depois do Capítulo 4, o jogo mostra seu verdadeiro potencial de entretenimento. Sua dificuldade começa bastante simples no início e vai crescendo conforme o jogo se desenvolve até chegar a um ponto em que cada simples errinho de estratégia pode significar a destruição total de seu esquadrão ou a perda permanente de algum personagem. Outro detalhe interessante que gostaria de citar, é o modo em que os personagens principais e secundários, se relacionam entre si, mudando sempre e em constante evolução durante o progredir da jogatina.

Em resumo, Valkyria Chronicles 4 infelizmente inovou muito pouco, mas felizmente manteve o padrão altíssimo de qualidade da franquia. Creio eu que os fãs do nicho de jogos de estratégia em turnos com elementos de RPG irão se deliciar com este mais novo jogo da SEGA, que terá seu lançamento ocidental no dia 25 de Setembro de 2018 para as plataformas PS4, XBOX One, Nintendo Switch e Steam.

Prós:

  • Interessante e divertido sistema de batalha
  • Jogo punitivo e gratificante ao mesmo tempo
  • Direção artística e trilha sonora impecáveis

Contras:

  • Excesso de diálogos
  • Pouca inovação se comparado ao primeiro jogo da franquia
  • Infelizmente ficou faltando um modo multi-player

Nota Final: 8,5 de 10,0

No calor da batalha!!

Observação: A versão digital deste jogo para o console Playstation 4 nos foi gentilmente cedida pela própria desenvolvedora para elaboração desta análise.

Revisão de texto: Bruna Chaves

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