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Sword of Vermilion (1990)

Análise do jogo Sword of Vermilion lançado pela SEGA para o Mega Drive em 1990.

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E finalmente chegou a hora de escrever duas palavras sobre esse RPG relativamente obscuro que foi desenvolvido pela própria SEGA no finalzinho de 1989 no Japão e lançado e traduzido para o inglês somente em meados de 1990 nos Estados Unidos. Estranhamente, Sword of Vermilion foi um dos primeiros jogos para console caseiro produzido pelo mestre veterano dos arcades, Yu Suzuki (Hang-On e Space Harrier) juntamente com a sua equipe da SEGA AM2 e também foi o segundo jogo de RPG lançado para Mega Drive após o clássico Phantasy Star II. Sword of Vermilion teve inclusive sua campanha publicitária vinculada à famosa estratégia de marketing da SEGA com a frase “Genesis Does What Nintendon’t em diversas revistas de vídeo-games no final de 1990 nos Estados Unidos.

Propaganda de Sword of Vermilion vinculada às revistas americanas em 1990.
Capa da versão japonesa.

E no Brasil? Foi lançado? Infelizmente não…. Porém, o único contato que tive com esse jogo na época foi, na verdade, somente através do catalogo de jogos da TecToy, que apesar de ter sido anunciado, Sword of Vermilion nunca aterrizou oficialmente em território nacional. Talvez porque tal gênero ainda não era tão interessante aos olhos dos brasileiros naquele período devido a pouca compreensão da linguá inglesa no início da década de 90.

Catálogo da Tectoy mostrando supostamente um possível futuro lançamento de Sword of Vermilion.

A estória do jogo é bem simples: O rei Erik V de Excalabria, teve o seu reino submetido a ferro e fogo por Tsarkon, o rei maligno do reino de Cartahena. Antes de morrer durante os acontecimentos decorrentes da terrível derrota, Erik V designa ao seu servo mais fiel, Blade, a missão de levar o príncipe recém nascido e a joia da família chamada anel da sabedoria para muito longe daquele inferno. Blade, então, parte para o vilarejo de Wyclif e o cria como se fosse o seu próprio filho até o dia em que o jovem completa 18 anos. Blade, em seu leito de morte, revela a identidade real ao seu filho adotivo. Sabendo de todos os acontecimentos e com a sua identidade principesca recém descoberta, o nosso herói parte em busca de vingança contra quem matou seu pai e, consequentemente, livrar o mundo desse grande mal chamado Tsarkon.

Estória contada em seu Hint Book de 106 páginas.

A parte interessante desta análise tem muito a ver justamente com a variação de mecânica de jogabilidade de Sword of Vermilion. Durante as andanças pelo vilarejo de Wyclif, no início do jogo, é mostrada a clássica visão de cima, tipica dos jogos de RPG mais tradicionais como Phantasy Star e Final Fantasy. Nos vilarejos podemos também interagir com os NPCs que nos informam missões e nos dão itens valiosos, visitar INNs (hospedarias), tavernas e lojas de armas, magias e itens em geral. As igrejas neste jogo servem como save points e remoção de venenos, assim como nos primeiros jogos da série Dragon Quest para o NES. No menu de ações do nosso personagem, que por sinal, também se assemelha bastante aos primeiros Dragon Quest, podemos ver varias opções de ação que hoje são consideradas bastante arcaicas e obsoletas, tais como “Open“, “Take” e “SeeK“.

Sword of Vermilion junto ao Hint Book.
Menu bem estilo Dragon Quest/Dragon Warrior do NES.
Típico vilarejo de RPG

Apenas colocando o pé fora do vilarejo, a jogabilidade muda completamente, ou seja, o jogo se torna uma espécie de Dungeon Crawl com a visão em primeira pessoa. Mas a bagunça de gêneros não acaba por aí, quando entramos em alguma batalha aleatória no mapa em primeira pessoa, a visão volta novamente para a de cima, só que dessa vez, ela fica mais parecida com as de jogos de Ação/RPG estilo Zelda. O sistema de evolução é baseado na obtenção de níveis através do ganho de pontos de experiencia após cada batalha vencida, até que o personagem principal chegue ao nível máximo 31. As magias não são aprendidas, mas sim compradas em lojas específicas nos vilarejos. Existem três tipos delas no jogo: magias de batalha (ofensiva), magias de cura e magias de teleporte e iluminação em cavernas. Durante as batalhas simples (contra inimigos normais) podemos usar somente uma magia ofensiva, que já tenha sido previamente equipada antes do confronto.

Visão em primeira pessoa no mapa principal.

Já entrando no quesito dungeon (aqui chamada de cave), a jogabilidade continua em primeira pessoa com um mini mapa lateral visível somente se o item “map” foi achado dentro da mesma ou com algum NPC nos vilarejos. Geralmente, no final de cada caverna, é possível que haja um confronto com um Archmonster, ou seja, os chefões. Durante a batalha contra os chefes, o jogo muda novamente a sua jogabilidade para uma visão 2D, lateral, onde não é possível fugir e a batalha dura até a morte de um dos dois. Neste tipo de batalha não é permitido utilizar magias e nem mesmo se defender com escudos, porém é possível abaixar-se e desferir espadadas ofensivas e defensivas contra os ataques e tiros vindos do chefão, que por sinal, são muito bem desenhados e a vezes ocupam quase a tela inteira.

Em meio as entranhas de uma caverna.
Batalha contra um Archmonster.

No quesito gráfico, o jogo até que foi bastante chamativo para a sua época, porém, peca em relação a variedade de inimigos normais e chefões, pois a maioria deles são versões com diferentes Color Swaps (variações de cores). Já em relação aos Archmonsters, graficamente são muito bem detalhados, mas com pouquíssimas animações.

 

Na parte da trilha sonora e dos efeitos sonoros, Sword of Vermilion segue bem a linha dos jogos lançados nos primeiros anos do Mega Drive, ou seja, pouquíssimo uso da sonoridade PSG, e sim de uma magistral utilização da síntese FM, que era o grande diferencial do Mega Drive em relação aos consoles de terceira geração. Sua trilha sonora foi composta por Hiroshi Kawaguchi e Yasuhiro Takagi, responsáveis pelas excelentes composições de Space Harrier e Turbo Outrun, respectivamente.

Batalha contra inimigos normais.

Resumindo rapidamente esse texto… Sword of Vermilion é um jogo que infelizmente não envelheceu muito bem para os padrões atuais, principalmente por ter jogabilidade relativamente lenta e também devido às mecânicas já bem arcaicas como, por exemplo, ter de usar pelo menos três comandos de ação para abrir um baú e retirar o item em seu interior. Outro problema que notei foi a repetitividade das missões e das dungeons muito semelhantes umas das outras. Por outro lado, ele é um RPG bastante interessante e divertido, principalmente pela tentativa louvável de inovar em misturar diversos tipos de jogabilidades e visões diferentes em um simples cartucho de minúsculos 5 megas de memória.

Apesar de ser um jogo pouco conhecido, estranhamente ele foi lançado para várias plataformas, sendo elas, a coletânea SEGA Genesis Collection para o PS2 e o PSP em 2006, para o Virtual Console do Nintendo Wii em 2007, para PC através da Steam em 2010 e também na mais nova coletânea chamada SEGA Genesis Classics para PCPS4 e XBox One em 2018.

Links úteis:

Site Sega Retro:https://segaretro.org/Sword_of_Vermilion

Site Hardcore Gaming 101: http://www.hardcoregaming101.net/sword-of-vermilion/

Revisão de texto: Bruna Chaves

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