Home Process Blasted Fallout, a série que respeita o fã!

Fallout, a série que respeita o fã!

512
0
Fallout
Imagem: Bethesda

Eu não posso dizer que sou fã de longa data da franquia Fallout, na verdade comecei a conhecer de fato este universo fascinante criado pela Bethesda há cerca de 8 anos atrás (2016) depois que eu comprei Fallout 4. Depois de ficar vislumbrado com o que foi mostrado neste jogo, fui atrás dos demais e o universo que me foi mostrado é, simplesmente, fascinante. E a série que estreou na Amazon no dia 10/04/2024 é tão fascinante e respeitosa com os fãs que a torna um verdadeiro caso raro pros dias atuais.

.

O mundo de Fallout

Antes de mergulharmos na série, é crucial entender a franquia Fallout e seu universo. Para os novatos, a história pode parecer complexa, mas não é difícil de desvendar.

É nesse ponto que Fallout, a série, se destaca. O uso consciente dos temas da franquia, objetos, narrativas e outros elementos evita que a série se torne um insulto ou algo deslocado para os fãs – problema comum em diversas produções de Hollywood nos dias de hoje.

Fallout
Imagem: Bethesda | Fallout 1

Mas vamos ao universo de Fallout, para não nos perdemos.

O cenário de Fallout existe em uma linha do tempo alternativa que divergiu completamente da nossa linha do tempo após a Segunda Guerra Mundial. Desde essa separação até a Grande Guerra em 2077, uma representação tecnologicamente avançada da era atômica retrofuturista dos anos 1950 dominou a cultura e a sociedade da ficção de Fallout.

Em particular, os Estados Unidos foram dominados pela continuação de um Sonho Americano corrompido e por uma forma excessivamente repressiva de excepcionalismo americano. A antologia de ficção científica Worlds of Tomorrow, publicada durante a Era de Ouro da Ficção Científica nos anos 1950, influenciou fortemente essa representação.

Assim, os jogos que se passam no futuro dessa “era de ouro” incorporam em seu design muitos elementos dos anos 1950, criando uma atmosfera retrofuturista. Essa estética permeia todos os jogos da série, desde os dois primeiros isométricos com foco em RPG até os quatro mais recentes em primeira ou terceira pessoa, que priorizam a ação.

As aventuras no mundo de Fallout

Conforme mencionado, o universo da franquia, criado pela Black Isle Studios e publicado pela Interplay em seus dois primeiros jogos, oferece uma forma de exploração utilizando a isometria com o gênero RPG como base.

Fallout
Imagem: Bethesda | Fallout 3

Em seguida, vêm os quatro outros títulos: os dois primeiros, Fallout 3 e New Vegas, produzidos pela Bethesda e Obsidian, respectivamente, e os dois últimos, Fallout 4 e 76, desenvolvidos exclusivamente pela Bethesda.

Esses quatro títulos transportam o jogador para um mundo rico em detalhes – embora também repleto de bugs – e expandem o conceito original de forma magistral. A Bethesda e seus parceiros de desenvolvimento conseguiram recriar a visão original do título de 1997 com maestria.

Fallout
Imagem: Bethesda | Fallout 4

Fallout alcançou grande popularidade com seu terceiro título e, principalmente, com New Vegas, produzido pela Obsidian. Este jogo obteve enorme sucesso de crítica e público, demonstrando que o mundo criado pela Black Isle Studios tinha um futuro promissor pela frente.

Além desses títulos principais, a série também inclui outros jogos, como Fallout Shelter, Tactics e Brotherhood of Steel.

Mas, e a série Fallout?

Fallout
Imagem: Prime Video | Série Fallout

É verdade que quase me esqueci de falar sobre a série em si, da Amazon. Mas era importante contextualizar a franquia antes, não acha?

E por isso, sem me alongar em elogios excessivos, destaco em negrito: A série respeita demais tanto quem nunca ouviu falar de Fallout quanto o fã veterano do universo. Simples assim.

Quando soube que adaptariam um jogo da Bethesda para o formato série, fiquei com o pé atrás. Assim como em todas as outras produções baseadas em videogames nos últimos 30 anos, ou sei lá quanto tempo.

Essas adaptações sempre nos proporcionaram altos e baixos, e Fallout é um universo onde muita coisa pode dar errado se mal adaptado. Cito como exemplos ruins: Alone in the Dark, Dead or Alive, KoF, Street Fighter e o último filme do Mortal Kombat.

Claro que também temos algumas produções que se destacam, como Detetive Pikachu, Sonic, Super Mario, Warcraft e o primeiro Silent Hill.

Mas e as séries? Sinceramente, quando vi que o Master Chief tirava o capacete, perdi a vontade de assistir Halo. E The Last of Us, recontar a história do jogo nos mínimos detalhes é tão sem inspiração que desisti depois do segundo episódio. É até um bom respeito para o fã, mas nada além disso.

Mas aí chegou Fallout e criou uma nova categoria para filmes e séries baseados em videogames, de uma forma, talvez, nunca vista antes.

O respeito para os fãs

Embora não me considere um verdadeiro conhecedor da franquia Fallout – comecei pelo Fallout 4 e depois joguei os demais jogos de primeira pessoa, apenas dando uma olhada nos dois isométricos -, acumulei cerca de 250 horas de jogo e tenho um certo conhecimento sobre o universo.

Ao assistir a série, que infelizmente tem apenas 8 episódios, me senti apreciado como fã. Em vez de recriar um dos jogos existentes para a TV, os produtores da série deram um passo além e, com a ajuda da Bethesda, integraram a história da série ao cânone da franquia.

Fallout
Imagem: Prime Video

Podemos dizer que a série é um Fallout 5 sem ser de fato. Para os fãs da franquia, ela oferece diversas novas surpresas e explicações sobre o mundo onde grandes corporações como Vault-Tec e RobCo fazem parte. Já para o espectador comum, a série apresenta um universo interessante e violento de um futuro pós apocalíptico.

O respeito pelos fãs da franquia foi tão bem elaborado que os Pip-Boys, os computadores portáteis dos Vault Dwellers, foram recriados de forma funcional para que os atores pudessem usá-los. Marcas de empresas, objetos, cenários e inimigos presentes na franquia também aparecem na série, tanto para torná-la mais fiel ao universo quanto para um belo trabalho de fan service.

Imagem: Prime Video

O fato de não terem adaptado nenhum jogo específico demonstra que os criadores e roteiristas certamente buscaram a fonte original, leram os roteiros e, quem sabe, até jogaram os títulos da série.

Uma adaptação com coesão

Na minha opinião, adaptar um jogo apenas repetindo o que já foi mostrado em outro formato é uma forma preguiçosa de criar conteúdo. É apenas fan service puro. Ao contrário disso, quando você se dedica a criar algo novo a partir de um material existente, o resultado pode ser muito mais interessante.

É claro que alguns materiais, como quadrinhos e livros, não se prestam a novas interpretações sem que o que já foi criado seja respeitado, a não ser que você roteirista consiga fazer uma adaptação equivalente tão boa quanto o original.

É claro que alguns materiais, como quadrinhos e livros, não se prestam a novas interpretações sem que o que já foi criado seja respeitado. Já outros, como Fallout, possuem um universo extremamente aberto a interpretações, mas a série da Amazon preferiu expandir do que ficar apenas presa no que já foi mostrado nos jogos. Fallout é um livro aberto, um jogo cheio de possibilidades que a Amazon e a Bethesda conseguiram expandir ainda mais.

Imagem: Prime video

Estou ansioso pela segunda temporada, principalmente porque a primeira teve apenas 8 episódios. É uma pena que a próxima temporada só chegue em 2026 ou 2027, e sinceramente, não pretendo esperar tanto tempo.

Parabéns à Amazon pela ousadia de não fazer um mero repeteco da história, como em The Last of Us, mas sim de tentar expandir o universo de Fallout.

A série Fallout se encontra atualmente no Prime Video.

Comentários Facebook