
O cenário dos jogos independentes continua se expandindo com propostas ousadas que tentam combinar elementos populares de diferentes gêneros. Em meio a esse mar de ideias surge Hordes of Hunger, uma produção da Hyperstrange que tenta unir a simplicidade viciante de Vampire Survivors com uma ambientação sombria e medieval digna de The Witcher. Embora apresente algumas ideias promissoras, o título ainda carece de refinamento para competir em um mercado já saturado.
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Com lançamento previsto para março de 2025, o jogo aposta em arenas infestadas por criaturas hostis, desafios repetitivos e progressão baseada em pequenas escolhas. Mesmo em fase de desenvolvimento, Hordes of Hunger já mostra seu DNA: combate direto, evolução incremental e um universo misterioso. No entanto, a experiência atual deixa a desejar em aspectos cruciais, especialmente em variedade e impacto das habilidades.
Arena única e progressão limitada impactam a experiência
Hordes of Hunger coloca os jogadores em uma única arena onde hordas de inimigos surgem sem parar. Diferente de outros roguelikes que apresentam fases distintas e caminhos alternativos, aqui o progresso depende da conclusão de missões simples, como proteger áreas ou eliminar monstros específicos. Essa abordagem acaba limitando a sensação de descoberta, tornando as partidas muito similares entre si.
Ao derrotar inimigos, o jogador acumula experiência e desbloqueia habilidades que moldam sua build. No entanto, essas habilidades carecem de impacto visual e efeito prático. Muitas delas são passivas e automáticas, como raios que caem aleatoriamente ou golpes com dano elemental. Isso enfraquece a promessa de ação intensa e prejudica o dinamismo das partidas, já que o estilo de jogo pouco se altera, mesmo após diversas tentativas.
Outro ponto fraco está na variedade de inimigos. A maioria age de forma previsível e apenas um tipo demonstra comportamento diferente. Essa repetição afeta a rejogabilidade, um dos pilares do gênero roguelike. O combate também tenta incluir esquiva e bloqueio, mas com tantos inimigos atacando ao mesmo tempo, essas mecânicas se tornam pouco viáveis. Um sistema de combos teria mais utilidade nesse contexto.
Sistema de progressão precisa de mais profundidade
Entre uma partida e outra, o jogador retorna a um santuário que serve como hub central. Nesse espaço, é possível conversar com NPCs, desbloquear melhorias permanentes, adquirir itens de cura e acessar uma forja para futuras armas. Essa estrutura oferece uma base promissora para expandir a narrativa e aumentar a profundidade do sistema de progressão.
Por enquanto, o número de personagens é limitado, e a história ainda está em desenvolvimento. Contudo, o jogo já consegue gerar curiosidade ao apresentar mistérios sobre o mundo e a protagonista. Com o tempo, é possível que a narrativa ganhe força e adicione mais peso às ações do jogador. Ainda assim, a ausência de cutscenes e a simplicidade dos diálogos atuais reduzem o impacto emocional da trama.
Mesmo com essas limitações, Hordes of Hunger se mostra acessível para quem está começando no gênero. A dificuldade escala conforme o jogador evolui, o que torna a curva de aprendizado mais amigável do que em títulos como Vampire Survivors, onde o caos começa desde o primeiro minuto. Além disso, a estética medieval e os elementos de fantasia tornam o visual mais atraente para fãs de jogos como Elden Ring e The Witcher.
Combate precisa de ajustes para se tornar mais satisfatório
A heroína empunha um montante – uma espada gigante com amplo alcance – e enfrenta legiões de monstros que surgem do solo. Essa arma permite atingir vários inimigos de uma vez, algo essencial em meio ao caos constante. A proposta é clara: eliminar o máximo possível antes que a maré de abominações se torne incontrolável.
No entanto, o combate ainda precisa de ajustes. A tentativa de inserir elementos como esquiva e bloqueio não se encaixa bem com o ritmo acelerado das batalhas. Por estarmos cercados o tempo todo, pensar em defesa se torna inviável. Em vez disso, o jogo ganharia muito ao incorporar um sistema de combos ou ataques especiais mais variados, tornando as lutas mais recompensadoras.
Além disso, as habilidades desbloqueáveis apresentam variações muito sutis. Melhorias de esquiva, por exemplo, são oferecidas mesmo quando não há espaço para usá-las com eficiência. Isso evidencia um desequilíbrio no design das habilidades. Para realmente engajar, o jogador precisa sentir que cada nova conquista traz um impacto real na jogabilidade, o que atualmente não acontece.
Potencial existe, mas o jogo precisa evoluir
Mesmo sendo um título em desenvolvimento, Hordes of Hunger já apresenta seu maior desafio: destacar-se em um mercado lotado de jogos com propostas similares. O conceito de eliminar ondas de inimigos em arenas fechadas funciona bem, mas é necessário mais do que isso para se manter relevante. A ausência de variações de mapa, a baixa diversidade de inimigos e as habilidades pouco empolgantes dificultam o engajamento a longo prazo.
Durante o período de testes, a repetição foi um problema constante. A mesma arena foi usada diversas vezes, e até mesmo os dados de progressão foram resetados em mais de uma ocasião, o que reforçou a sensação de repetição. Por outro lado, a trilha sonora se destaca, especialmente o tema do menu principal, que combina coral infantil com uma atmosfera sombria, criando uma ambientação imersiva.
A Hyperstrange ainda pode transformar esse esqueleto de jogo em uma experiência marcante. A base está lá: estilo visual bem definido, proposta acessível e mecânicas básicas funcionais. Falta agora rechear esse universo com mais conteúdo, desafios mais variados e decisões com impacto real. Assim, Hordes of Hunger poderá sair da sombra dos concorrentes e conquistar seu espaço.
Conclusão
Hordes of Hunger aposta em uma fórmula conhecida: combate frenético, evolução constante e ambientação sombria. A simplicidade de sua estrutura pode atrair novos jogadores, mas também limita o potencial de envolvimento para quem busca profundidade. Para se destacar entre os muitos títulos do gênero roguelike, o jogo precisa refinar suas mecânicas, ampliar seu conteúdo e entregar mais impacto em suas escolhas.
A expectativa gira em torno da capacidade da Hyperstrange de usar esse período de desenvolvimento para corrigir os pontos fracos e valorizar os acertos. Com uma narrativa mais envolvente, habilidades marcantes e uma progressão mais significativa, Hordes of Hunger poderá se transformar em um dos destaques entre os jogos independentes de 2025.
A Comunidade Mega Drive recebeu uma chave para preview.