
Resolvi fazer um levantamento rápido da minha biblioteca digital de jogos. Mesmo sem acesso ao Ubi+ e ao Battle.net no momento, percebi que a quantidade de títulos disponíveis é imensa. Foi uma surpresa perceber que, mesmo com tanto conteúdo à disposição, boa parte desses jogos provavelmente nunca será jogada.
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Essa constatação me levou a refletir sobre como cheguei até aqui. A maioria dos títulos foi adquirida ao longo dos anos, aproveitando promoções generosas. Muitos vieram de ofertas gratuitas da Epic Games e da Amazon Prime Gaming, mas o Steam foi o verdadeiro responsável por inflar minha coleção digital.
Steam, promoções e o impulso de acumular jogos
No auge do dólar mais baixo, o Humble Bundle oferecia pacotes extremamente vantajosos. Aliado às promoções sazonais do Steam, como a Summer Sale e a Winter Sale, tornou-se fácil adquirir jogos a preços simbólicos. Descontos de até 90% tornavam impossível resistir a títulos que pareciam imperdíveis, mesmo que fossem para jogar “um dia”.
Nunca fui do tipo que compra jogos em pré-venda ou no lançamento. Sempre esperei pelas grandes liquidações. Isso criou um hábito — ou talvez uma compulsão — de garantir o máximo possível de títulos, para jogar quando surgisse a vontade. Mas a verdade é que muitos ainda nem foram instalados.
Antes do Steam: torrents, economia e praticidade
Minha escolha sempre foi o PC. Desde o início, era mais fácil encontrar jogos a preços acessíveis — ou mesmo sem custo, em épocas menos éticas. Os torrents, por muito tempo, foram minha principal forma de jogar. Era prático, rápido e, na época, amplamente difundido.
Com a chegada do Steam e outras plataformas legais, essa prática ficou no passado. O modelo digital me ofereceu praticidade, segurança e uma forma viável de acumular jogos com consciência tranquila. Além disso, ter uma biblioteca organizada, acessível e sincronizada na nuvem fez toda a diferença na minha transição para o digital.
O paradoxo da coleção: quando jogar se torna secundário
Mesmo com centenas de jogos disponíveis, percebo que finalizei menos de 100. E isso é otimista. A sensação de “ter tudo à disposição” venceu a urgência de jogar. Parece contraditório, mas é comum entre colecionadores digitais. O prazer vem da possibilidade, não da prática.
Conheço pessoas com bibliotecas ainda maiores: 2.000, 3.000 ou até 5.000 jogos. Sinceramente, duvido que alguém consiga jogar tudo isso. A coleção se transforma em símbolo de liberdade digital — e também num lembrete constante de que o tempo é finito. Jogar tudo se torna impossível, mas ter opções continua sendo reconfortante.
O medo de perder tudo: mito ou realidade?
Alguns acreditam que manter uma coleção digital é um risco. Afinal, se a loja fechar ou mudar suas políticas, os jogos podem desaparecer. No entanto, essa visão é alarmista. Em muitos países, a retirada de conteúdo pago sem o consentimento do usuário é ilegal e pode gerar processos judiciais sérios.
Claro, confiar totalmente em plataformas digitais exige certo grau de aceitação. Mas a comodidade de acessar tudo rapidamente, sem ocupar espaço físico, compensa. Não precisamos de estantes lotadas, nem de prateleiras repletas de jogos ainda lacrados. No digital, tudo fica salvo — e fora do alcance da poeira.
Espaço físico, conveniência digital e arrependimentos evitados
Os jogos digitais não têm cheiro, textura ou presença física. Mas, em contrapartida, oferecem conveniência. Não preciso de uma estante gamer nem lamento por jogos parados. Afinal, eles não ocupam espaço na parede nem lembram que estão ali, esperando atenção.
Ao contrário do que acontece com colecionadores físicos, não sinto culpa por não jogar tudo que comprei. Se fossem mídias físicas, isso pesaria emocionalmente. Ainda mais se estivessem lacradas. Com os digitais, o tempo decide o que jogar, e não o peso de uma prateleira me cobrando uso.
Minha lista atual de jogos digitais por plataforma
Após organizar minhas contas, reuni os números mais atualizados da minha coleção digital. Abaixo estão os principais serviços e suas respectivas quantidades:
- Epic Games: 400 jogos
- Steam: 580 jogos
- GOG: 192 jogos
- Amazon Prime Gaming: 410 jogos
- EA Play: 43 jogos
Esses números mostram como o acúmulo digital acontece de forma gradual, quase invisível. Quando você menos espera, sua biblioteca já ultrapassou o número de títulos que seria humanamente possível jogar. Ainda assim, é reconfortante saber que, em qualquer momento, há uma infinidade de opções à espera de um clique.