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1CC: Admiração, Limites e o Prazer de Jogar do Meu Jeito

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Embora eu admire quem consegue realizar um 1CC, não sou do tipo que vive em busca desse feito. Também não passo horas assistindo a vídeos de jogatinas perfeitas. Para mim, o 1CC representa uma façanha técnica e respeitável. E que é até interessante de ver para tentar na sua jogatina

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Conheço pessoas que realmente dominam essa prática. Elas treinam, estudam padrões e realizam partidas que parecem coreografadas. Eu, por outro lado, prefiro jogar com liberdade, sem a pressão de concluir tudo sem errar. O importante, para mim, é sentir o desafio na medida certa e aproveitar a jornada — mesmo que isso envolva alguns continues no caminho.

O comprometimento necessário para alcançar o 1CC

Quem se propõe a alcançar o 1CC precisa de tempo, concentração e paciência. É necessário estudar cada movimento do inimigo, dominar as mecânicas e repetir a mesma fase até que tudo funcione como deveria. Meus amigos que fazem isso me impressionam, pois demonstram um comprometimento que vai muito além do comum.

No entanto, nem todos percebem o quanto essa dedicação custa. O jogador abre mão da espontaneidade, do improviso, e passa a repetir a mesma sequência até o aperfeiçoamento total, ou quase. Isso exige energia e, claro, paixão por aquele jogo em específico. Não é qualquer um que está disposto a repetir uma fase dez, vinte ou até cinquenta vezes.

Eu, honestamente, não consigo seguir esse ritmo. Gosto de me desafiar, sim, mas não gosto de transformar o jogo em um treino metódico. Existem títulos que eu consegui terminar em 1CC, é verdade, mas foram exceções. Meu prazer está mais em experimentar e improvisar do que em memorizar rotas perfeitas.

Existem jogos e jogos quando falamos de 1CC

Nem todo jogo foi feito com o 1CC em mente. Alguns têm design que desestimula essa prática, seja pela duração absurda ou pela própria construção das fases. Títulos que não oferecem save, password ou checkpoints tornam a jornada cansativa, e muitas vezes frustrante. Afinal, ninguém quer jogar por duas horas e perder tudo por um erro. Por isso que, boa parte dos jogos para 1CC são relativamente curtos. As vezes usa-se do mecanismo do save state presente nos emuladores para treinar uma determinada área do jogo.

Pior ainda são os jogos com controles mal feitos ou design injusto. Um exemplo clássico, na minha experiência, é The Blues Brothers no SNES. Um jogo com proposta interessante, mas com uma jogabilidade que mais atrapalha do que ajuda. Outro título que me marcou negativamente foi Dark Castle, do Mega Drive — uma verdadeira provação para qualquer um. E quem tenta, não aguenta.

Alguns jogos, como Congo para Saturn, até permitem o 1CC, mas não inspiram o jogador a tentar. A estrutura é maçante, e o gameplay pouco empolgante. Em contrapartida, há os clássicos que parecem ter nascido para esse desafio: Sonic, Mega Man, Super Mario Bros, Alex Kidd (jogos de plataforma em geral) e tantos outros que oferecem mecânicas sólidas e desafio justo.

Também vemos muito 1CC em gêneros como os “jogos de navinha”, beat ‘em ups, Run n’ guns e luta. Até mesmo alguns jogos de corrida entram na lista, embora sejam menos frequentes. Nesses casos, o design convida o jogador a tentar de novo, a melhorar. É esse convite que faz toda a diferença.

Fazer 1CC é apenas se exibir?

Essa é uma discussão antiga entre jogadores. Para alguns, mostrar que fez um 1CC é um ato de orgulho legítimo. Afinal, não é fácil. Já para outros, soa como exibicionismo ou tentativa de se impor sobre os demais. Como toda comunicação, depende do tom e do contexto.

Eu gosto de assistir a vídeos de 1CC de vez em quando, principalmente quando conheço o jogo e entendo o grau de dificuldade. Nesses momentos, admiro mesmo. Porém, não acho que o 1CC deva ser uma obrigação para validar a habilidade de alguém. Jogar é algo subjetivo, e a diversão deve sempre vir em primeiro lugar.

Há quem diga que só é bom jogador quem consegue fazer 1CC. Respeito essa opinião, mas discordo. Prefiro pensar que existem muitos estilos de jogo válidos. Eu, por exemplo, funciono melhor no caos. Não gosto de decorar padrões e repetir movimentos até a perfeição. Gosto de explorar, errar e improvisar.

Isso não me impede de reconhecer o valor do 1CC. Ele é, sem dúvida, uma forma elevada de jogar. Exige foco, paciência e muita técnica. Mas é apenas uma entre muitas formas de se divertir com videogames. E, no fim das contas, é isso que realmente importa: se divertir.

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